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sexta-feira, 18 de maio de 2012


Os Mistérios de Santa Sara, por Sibyla Rudana

 No Delta do Rhône, entre o mar e a lendária Camargue, existe uma pequena cidade cujo nome tem origem na antiqüíssima história das Santas Marias Jacobé  e Salomé; as Santas Marias do Mar, como são conhecidas.

 No meu livro Os Mistérios de Santa Sara, narro a história da cidade francesa de Saintes-Maries-de-la-Mer que é inspirada em fatos remotos do  começo de nossa  Era, pelos anos 44 e 45, quando uma frágil embarcação, vinda da Terra Santa, chega ao Sul da atual França,  exatamente no campo romano "l'oppidum Râ". Mais tarde, esta antiga cidade foi engolida pelo mar.             

 Devido às inúmeras perseguições cristãs fomentadas por Herodes Agrippa, alguns discípulos de Jesus  foram colocados numa barca sem remos, sem velas ou provisões, em represália à fidelidade a Cristo. Entre eles estavam: Maria Salomé, mãe dos discípulos Tiago, o Maior e João;  Maria Jacobé, irmã ou prima da Virgem Maria, Lázaro e suas irmãs Marta e Maria Madalena, Maximino e Sidônio, o cego de Jericó.

 

Conta a tradição que a serva Sara se junta ao grupo. Quando a barca avança, ela suplica que a levem. Um milagre a fez chegar até o barco.  Sobre o manto que  Maria Salomé atirou nas águas para auxiliá-la, Sara caminha  e alcança a barca.

 Existem  muitas lendas e  outras tantas versões dos fatos. Para alguns, a viagem foi feita numa galera que fazia o caminho rotineiro entre a Palestina e a Europa.

 A vida de Sara também possui outras tantas crenças e versões. Para uns ela já vivia nas margens do Mediterrâneo e teria acolhido piedosamente as Santas mulheres. Maria Salomé e Maria Jacobé  influenciaram decididamente na conversão de Sara ao Cristianismo, mais tarde,Sara passaria  a ser sua serva e acompanhante.

Para outros, Sara era egípcia, foi uma abadessa ou freira de um convento da Líbia, ou ainda  descendente dos Atlantes...

 

Os ciganos a veneram com o nome de Virgem Sara, a Kali. Kali palavra repleta de significados  pode ser traduzida como negra, na língua dos ciganos. É a força cigana da pele morena e também o nome de uma deusa negra indiana venerada no Sul da Índia.

 Contam também que Sara seria uma rainha egípcia que, numa visão, teria identificado os evangelizadores que mais tarde foram acolhidos por ela e seu clã, às margens do Mar Mediterrâneo. Princesa, rainha, abadessa ou serva, a doce Virgem Sara guarda até hoje o seu mistério.

 Maria Jacobé e Maria Salomé já idosas permanecem no lugar da chegada em companhia de Sara. Os companheiros de viagem se dispersam e partem para evangelizar a Gália.

O Oratório da Cripta

Antes de partirem para evangelizar o continente que seria o berço do Cristianismo, os discípulos de Jesus ergueram um rústico oratório em honra da Virgem Maria.  Séculos mais tarde, no mesmo local existiria a atual Igreja de Notre-Dame-de-La-Mer (Nossa Senhora do Mar), abrigando as relíquias e imagens de Maria Jacobé, Maria Salomé e Virgem Sara.

Este mesmo oratório, além de representar o templo de orações onde os fiéis iam buscar a Palavra de Deus, também era o lugar onde se abrigava as Mulheres Santas, após a dispersão dos demais membros do grupo.

Conta a história que alí elas morreram, primeiro, Maria Jacobé, e meses depois, Maria Salomé, já idosas. Pouco tempo depois morreria Sara. São Trofino, vindo de Arles, lhes dá os últimos sacramentos e assiste ao sepultamento. As Santas Mulheres foram enterradas no pequeno oratório, que elas mesmas ajudaram a construir e  seus corpos são encontrados anos mais tarde, dispostos em forma de cruz.

 Quem vai a Saintes-Maries-de-la-Mer percebe logo  que Sara Kali não é uma lenda. Santa Sara Kali pode ter sido uma cigana, uma rainha, uma escrava. Indiana, egípcia ou francesa, nem mesmo isso a Igreja Católica confirma. O único fato real em torno de Sara Kali é a peregrinação monumental que os ciganos e devotos de toda a Europa fazem anualmente a Saintes-Maries-de-la-Mer. E isto a distancia fortemente do conceito equivocado de lenda.

Creio que se a peregrinação não existisse, certamente a figura mítica-religiosa de Sara Kali teria se apagado da memória dos ciganos e de todos os cristãos que lhe fazem visitas, em maio e em outubro.

 Paira no ar a pergunta sobre a origem de Sara Kali, é verdade. Mas, os ciganos pouco estão ligando para isso. Afinal, a Igreja de Nossa Senhora do Mar abriga em sua cripta a imagem de Sara, que é venerada como uma das intercessoras mais poderosas que os ciganos têm junto a Deus. E isso basta. Não que os ciganos sejam fanáticos, mas  sim porque sabem reconhecer as distintas representações do poder oculto do ser divino com mais facilidade que os não-ciganos. Para eles, Kali é calin ou kalin, uma cigana que representa parte do conhecimento e da força misteriosa que envolve os ciganos. Por isso calam sobre qualquer assunto que diga respeito a ela. Kali é a mãe que simboliza o poder gerador de vida que tem a terra.

 Sara é o segredo que possuem, e isto está representado pelos mantos e capas que guardam a imagem real de Sara. Essas capas representam o sentimento dos ciganos em relação à figura misteriosa de Sara Kali. E este é o maior objeto da peregrinação: o sentimento que ostentam, não importando exatamente por quem, já que a origem é o que menos conta.               

 Quem consegue participar cinco minutos que seja das vigílias do mês de maio, na cripta de Santa Sara, pode sentir o que é estar diante de alguém muito querido. Por isto manifestam-se as entidades dos antepassados dos ciganos, mesmo dentro de uma igreja católica. Elas vêm através da energia de Sara, que na verdade é um emblema, um receptáculo, mais semelhante a uma pedra-pomes, com o poder de absorver e concentrar o que há de melhor da energia de todas as pessoas que adentram a cripta. A energia encontrada é então, revertida em favor daqueles que vêm buscar alí a renovação de suas forças. Sugá-la através dos lábios de Sara, é prática comum entre os ciganos.

No mais, aparentemente são ciganos que abraçaram o catolicismo de uma forma enfática, como é tudo o que fazem. Nas procissões, mais que sua cultura, levam o seu sangue, sua espontaneidade, sua vibração entre palmas e acordes de guitarra. Os estandartes ostentam um sentimento que é expressado de forma muito particular.

Das Saras que se têm registro oficial, nenhuma delas se relaciona contam os camargueses. Nem mesmo aqueles que tratam da cultura local, conhecem a Sara da Antioquia ou a Sara da Líbia. O surgimento do culto a Santa Sara, também faz parte de um grande mistério. Camargue  foi palco de diversas invasões e, pode ser que desde a época das invasões antigas, alguém tenha levado o culto de Sara Kali para o local. Tudo hipóteses.

O poder que Sara faz emergir das pessoas é algo fantástico de ser presenciado e sentido. Sara a egípcia ou a indiana é um ícone, que alavanca do fundo da alma de cada um dos peregrinos, a força criativa e geradora de ações.

http://santasara.webs.com/

 

 




SANTA SARAH DE KALI